12 de julho de 2021

Aborto - 8 semanas

 

Um soco no estômago.

Depois de um tratamento tão stressante, de tanta espera, de tantas angustias, de tantas lágrimas mas apesar de tudo de tanta esperança e de tanta fé, este foi o desfecho.

No dia 5 de Julho , dois meses após o inicio do nosso tratamento no dia da ecografia das 8 semanas fui à maternidade pois tive uma ligeira perda de sangue.

Nunca pensei que este fosse o desfecho.

Quando perguntei se alguma deles estava vivo, acreditava que a resposta seria que sim, nunca outra resposta me passou pela cabeça.

Infelizmente não, vemos os embriões mas não têm batimento cardíaco.

Não tenho palavras para o que aconteceu a seguir.

Foram dias difíceis, o processo não é fácil.

Tudo aquilo que já ouvimos: Porquê? 

Ansiamos uma resposta mas não existe resposta , não existem palavras que nos confortem.

Ao meu lado mais do que um companheiro, um amigo sempre presente , sem pressionar, sem criticar, a deixar-me sentir o que foi e é necessário, sempre pronto a fazer tudo, sempre ao lado, sem nunca sair do lado quando também ele estava em sofrimento.

Foram momentos duros e ainda estamos a recuperar aos poucos.

T


2 de julho de 2021

Gémeos


Dia 17 de Junho, exactamente 8 anos depois de sabermos que estávamos grávidos do Salvador, exactamente 2 anos depois  de sabermos que o nosso tratamento não tinha resultado, descobrimos que estávamos à espera de gémeos.

Life is story ;)

T

8 SEMANAS

 





26 de março de 2020

09 de Março 2020




Íamos a sair de casa como num dia normal, vocês estavam vestidos e de pequeno almoço tomado estávamos a ir para a porta quando o papá disse, não vamos levá-los, fiquem em casa.

O Mateus tinha estado constipado no fim-de-semana e optámos por ficar.
Estamos em casa até hoje ( dia 26 de Março a última vez que sairam de casa foi no dia 11 de Março) as escolas fecharam no dia 16 de Março.

Em Dezembro de 2019 um vírus extremamente contagioso surgiu na China, mas em Portugal só chegou em Março.

Estamos fechados em casa sem sair para nada, os nossos pais estão fechados em casa, estamos todos fechados... em quarentena.
Nunca pensei alguma vez que pudéssemos viver algo assim.

Estamos assustados com o futuro, estamos assustados com o facto de algum de nós poder contrair o vírus, estamos assustados.

2020 vai sem dúvida ficar na história. 
Lembro-me de pedir os desejos para 2020 e agora só peço que possamos sair desta pandemia.

T

17 de junho de 2019

17 JUNHO 2019


Há 6 anos atrás fizemos um teste de gravidez, nunca pensámos que poderia ser possível engravidarmos naturalmente mas aconteceu.
O teste deu positivo, o Salvador vinha a caminho.
Hoje tínhamos o primeiro beta depois da transferência de um embrião D5 (blastocisto) mas infelizmente a vida não quis duplicar o positivo no mesmo dia.
Não foi surpresa porque já tinha tido uns sangramentos mas não foi fácil.
Não temos grandes planos para o passo seguinte, ficámos com dois embriões congelados, mas não estamos certos se queremos fazer tudo de novo.

Por agora voltamos aos treinos de forma natural e adiamos um bocadinho mais esta decisão.
T

29 de maio de 2019

3º filho


Sempre que pensámos em filhos era este o número desejado.
Pensámos muito, pensámos ainda mais, demos tempo um ao outro, ponderámos prós e contras, fizemos contas, perguntas , chorámos e rimos.
Chegámos a conclusões e a outras conclusões e ainda a outras, baralhámos e voltámos ao início.
Em 2018 marcámos consulta com a Dra. Ana Paula Maia mas não avançámos.
Dia 20 de Maio de 2019, às 22h06,  enviámos um sms para os Lusíadas e demos início ao tratamento.
T

Ao Salvador pelos seus 5 anos

( O Salvador não nasceu hoje, mas escrevi isto para ele no seu aniversário e queria registar o momento aqui)

Nasceste faz hoje 5 anos, o teu olhar sempre foi de quem sabe bem ao que vem ou não nascesses tu em circunstâncias tão únicas.

Surpreendes-nos dia após dia, fazes-me perceber que são vocês que nos ensinam, nascem com a dose certa para nos lembrarem e mostrarem aquilo que precisamos aprender.

Não vieste levezinho, nem calmamente, reclamas o teu lugar, o que te pertence e não pertence, és cheio, transbordas em todos os sentidos, mas trazes o amor  dentro de ti.

Espero que a vida te sorria e espero que nunca te permitas receber menos do que mereces, nunca aceites pouco de nada, nunca te afastes ou desistas de ti para caberes dentro de algo ou alguém, reclama o que te pertence, tal como reclamaste o teu lugar neste mundo.

Olho para ti com uma admiração imensa porque sei que vieste para nós com um propósito.
Tu lembras-me que não devo fazer-te crescer à minha imagem, nem às minhas expectativas e está tudo bem. 
Desde que oiça as tuas valentes e sinceras gargalhadas Salvador, está tudo bem.
Quero apenas e só que sejas muito feliz.
És brisa quente em noite de Verão.
T

20 de novembro de 2018

Das coisas simples



Sábado foi dia de festa, o M. fez a sua festa com os amigos da escola.
Andamos muito cansados (quem não??) e não marcámos com a antecedência devida e não conseguimos vaga nos Salesianos onde costumam fazer as festas com os amiguinhos, portanto não tínhamos muitas alternativas , não queríamos alugar um espaço portanto vamos lá fazer um picnic!! Em pleno meio de Novembro com a meteorologia a prever chuvas para o fim‑de‑semana .

Explicámos que caso a coisa desse para o torto  como que diz se chovesse que arrumávamos as coisinhas e íamos embora! Ele super compreensivo disse que sim que percebia e assim foi .

Sabíamos que ia ser uma festa simples, nós que sempre fizemos festas muito muito elaboradas e cheias de decorações e bolos fantásticos com tema e convite e conceito tudo a fazer matchy - matchy.
Este ano foi o oposto não tínhamos NADA, a comida era básica, o bolo básico com uma vela daquelas simples mais simples e banal não há .

Saímos de manhã com eles e fomos para o parque, não chovia , ao sairmos do carro pergunta o R. onde está o bolo de aniversário? Ou seja também não tínhamos bolo tinha ficado em casa. O R. foi comprar á padaria portuguesa um bolo, montámos as poucas mesinhas de apoio , dispusémos a comida em pratos descartáveis brancos, nem uma decoração nem um balão tínhamos. 
Pensei para comigo coitadinho, esta é mesmo uma festa super simples.

Mas surpresa, foi a melhor festa que tivemos com os amigos , aparecerem muitos amigos , muitas mães a dizerem que os filhotes lhes tinham dito que gostavam muito de ir à festa do M.
Correram, saltaram, gargalharam, sujaram-se todos, comeram tudo o que havia, não sobrou nada.
Nós aproveitámos , conversámos, não estivemos preocupados nem com decorações nem com reposições de comida nem com nada só queríamos aproveitar e ver os nossos filhotes a brincar felizes.

No final do dia falámos os dois sobre isto... esta lição , colocamos tantos lares em cima de coisas tão simples , exigimos sempre tanto que nem sempre usufruímos como devíamos porque estamos preocupados com coisas que não interessam a ninguém.
Lembrete para o futuro: keep it simple!
T

16 de novembro de 2018

Ao Mateus pelos seus 6 anos


Sempre chegamos ao sítio onde nos esperam.

Na noite em que tu nasceste, foi esta a frase que enviei para anunciar que tinhas chegado.
Vi esta frase no dia 13 de Novembro, no final da gravidez,  estava sentada na cama do meu quarto e chorei, escrevi-te um texto que se chama “Deixar"  que um dia também o vais ler, a dizer-te que apesar de estar cheia de vontade de te conhecer que ia ter saudades de te ter na barriga; Nesse dia disse-te baixinho: está tudo bem, podes nascer, podes vir ao mundo porque eu já estou pronta, eu estou à tua espera .
Esta fase da gravidez lembra-me a fase que estamos a viver agora.

Deviam-me ter dito,  que o que dói não é o parto, não são os pontos, não é a amamentação, que o que custa não são os choros, não são as noites sem dormir ou o tempo que deixamos de ter, são as dores que surgem depois.
As dores de crescimento, este misto de prazer e orgulho imenso em ver-te crescer e o medo de te deixar ir, esta coisa de querer ver e viver o futuro e ao mesmo tempo querer engolir-vos e ter-vos outra vez cá dentro protegidos.
Deviam ter-me dito.

Cresces todos os dias, não só em tamanho, mas nas palavras e nas conversas, olho-te tantas vezes para encontrar o bebé que cabia no meu braço.
Embalo-te e abraço-te ao meu colo, mas sobra-me filho, cresceste, entre as pernas que já não cabem e os braços que duplicaram, olho-te nos olhos para te encontrar meu Mateus e quando te encontro fico parada no tempo a agradecer muito por me terem escolhido e encontrado, a ser muito grata por vocês os dois , os meus quase gémeos, estarem na minha vida.

Um dia, vamos conversar e eu vou contar-te as histórias que guardo tuas, e vou dizer-te filho que na noite em que tu nasceste eu não dormi nada, não conseguia, que fiquei a olhar para ti, a contemplar-te, a pensar na coisa extraordinária que nos tinha acontecido, que apesar das enfermeiras alertarem e dizerem que os recém-nascidos não devem dormir com a mãe naquelas camas de hospital, que eu te trouxe para o meu colo, porque não conseguia que fosse de outra forma. Nunca mais nos largámos.
Guardo aqueles momentos mágicos do vosso nascimento no lado mais quentinho do meu coração, relembro-os muitas vezes, às vezes faz-me bem voltar atrás e recordar.

Amanhã vais acordar cheio de energia com muita vontade de fazer 6 anos, impaciente para apagares as tuas velas e receberes as prendas, estás ansioso para crescer e amanhã eu vou dizer-te  baixinho: está tudo bem, podes voar, podes ir ao mundo porque eu já estou pronta e vou estar sempre à tua espera .
O meu mais profundo desejo é que sejam felizes, que a vossa viagem seja tranquila.
Nós estaremos sempre aqui a contar as vossas voltas ao sol.