20 de novembro de 2018

Das coisas simples



Sábado foi dia de festa, o M. fez a sua festa com os amigos da escola.
Andamos muito cansados (quem não??) e não marcámos com a antecedência devida e não conseguimos vaga nos Salesianos onde costumam fazer as festas com os amiguinhos, portanto não tínhamos muitas alternativas , não queríamos alugar um espaço portanto vamos lá fazer um picnic!! Em pleno meio de Novembro com a meteorologia a prever chuvas para o fim‑de‑semana .

Explicámos que caso a coisa desse para o torto  como que diz se chovesse que arrumávamos as coisinhas e íamos embora! Ele super compreensivo disse que sim que percebia e assim foi .

Sabíamos que ia ser uma festa simples, nós que sempre fizemos festas muito muito elaboradas e cheias de decorações e bolos fantásticos com tema e convite e conceito tudo a fazer matchy - matchy.
Este ano foi o oposto não tínhamos NADA, a comida era básica, o bolo básico com uma vela daquelas simples mais simples e banal não há .

Saímos de manhã com eles e fomos para o parque, não chovia , ao sairmos do carro pergunta o R. onde está o bolo de aniversário? Ou seja também não tínhamos bolo tinha ficado em casa. O R. foi comprar á padaria portuguesa um bolo, montámos as poucas mesinhas de apoio , dispusémos a comida em pratos descartáveis brancos, nem uma decoração nem um balão tínhamos. 
Pensei para comigo coitadinho, esta é mesmo uma festa super simples.

Mas surpresa, foi a melhor festa que tivemos com os amigos , aparecerem muitos amigos , muitas mães a dizerem que os filhotes lhes tinham dito que gostavam muito de ir à festa do M.
Correram, saltaram, gargalharam, sujaram-se todos, comeram tudo o que havia, não sobrou nada.
Nós aproveitámos , conversámos, não estivemos preocupados nem com decorações nem com reposições de comida nem com nada só queríamos aproveitar e ver os nossos filhotes a brincar felizes.

No final do dia falámos os dois sobre isto... esta lição , colocamos tantos lares em cima de coisas tão simples , exigimos sempre tanto que nem sempre usufruímos como devíamos porque estamos preocupados com coisas que não interessam a ninguém.
Lembrete para o futuro: keep it simple!
T

16 de novembro de 2018

Ao Mateus pelos seus 6 anos


Sempre chegamos ao sítio onde nos esperam.

Na noite em que tu nasceste, foi esta a frase que enviei para anunciar que tinhas chegado.
Vi esta frase no dia 13 de Novembro, no final da gravidez,  estava sentada na cama do meu quarto e chorei, escrevi-te um texto que se chama “Deixar"  que um dia também o vais ler, a dizer-te que apesar de estar cheia de vontade de te conhecer que ia ter saudades de te ter na barriga; Nesse dia disse-te baixinho: está tudo bem, podes nascer, podes vir ao mundo porque eu já estou pronta, eu estou à tua espera .
Esta fase da gravidez lembra-me a fase que estamos a viver agora.

Deviam-me ter dito,  que o que dói não é o parto, não são os pontos, não é a amamentação, que o que custa não são os choros, não são as noites sem dormir ou o tempo que deixamos de ter, são as dores que surgem depois.
As dores de crescimento, este misto de prazer e orgulho imenso em ver-te crescer e o medo de te deixar ir, esta coisa de querer ver e viver o futuro e ao mesmo tempo querer engolir-vos e ter-vos outra vez cá dentro protegidos.
Deviam ter-me dito.

Cresces todos os dias, não só em tamanho, mas nas palavras e nas conversas, olho-te tantas vezes para encontrar o bebé que cabia no meu braço.
Embalo-te e abraço-te ao meu colo, mas sobra-me filho, cresceste, entre as pernas que já não cabem e os braços que duplicaram, olho-te nos olhos para te encontrar meu Mateus e quando te encontro fico parada no tempo a agradecer muito por me terem escolhido e encontrado, a ser muito grata por vocês os dois , os meus quase gémeos, estarem na minha vida.

Um dia, vamos conversar e eu vou contar-te as histórias que guardo tuas, e vou dizer-te filho que na noite em que tu nasceste eu não dormi nada, não conseguia, que fiquei a olhar para ti, a contemplar-te, a pensar na coisa extraordinária que nos tinha acontecido, que apesar das enfermeiras alertarem e dizerem que os recém-nascidos não devem dormir com a mãe naquelas camas de hospital, que eu te trouxe para o meu colo, porque não conseguia que fosse de outra forma. Nunca mais nos largámos.
Guardo aqueles momentos mágicos do vosso nascimento no lado mais quentinho do meu coração, relembro-os muitas vezes, às vezes faz-me bem voltar atrás e recordar.

Amanhã vais acordar cheio de energia com muita vontade de fazer 6 anos, impaciente para apagares as tuas velas e receberes as prendas, estás ansioso para crescer e amanhã eu vou dizer-te  baixinho: está tudo bem, podes voar, podes ir ao mundo porque eu já estou pronta e vou estar sempre à tua espera .
O meu mais profundo desejo é que sejam felizes, que a vossa viagem seja tranquila.
Nós estaremos sempre aqui a contar as vossas voltas ao sol.