21 de janeiro de 2013

Sobre o nosso internamento


Fazendo uma retrospectiva sobre o que aconteceu, o que aprendemos e que levamos desta experiência:

Os pais sabem sempre melhor que qualquer médico que o bebé não está normal, pode ser um sinal muito leve, podemos achar que vamos pagar uma urgência apenas para administrarem soro , mas nós sabemos que algo não está bem e por mais leve que seja este sinal, uma ida ao hospital deixa-nos mais tranquilos.

No hospital tentámos sempre estar o mais perto possível do M. na noite que passámos na observação pediátrica, existem ao lado das camas umas cadeiras para os acompanhantes poderem dormir, mas pedi à enfermeira para dormir na cama do M. (era uma cama grande de solteiro).

Nunca deixámos de pegar o M. ao colo, de o abraçar e de o tentar acalmar, mesmo com as duas sondas e com o oxímetro, mesmo cheio de fios por todo do lado, o nosso bebé precisava de sentir o nosso calor.

Durante os procedimentos clínicos, éramos nós que o agarrávamos, tentando nunca passar a nossa angústia, nem sempre o conseguíamos é certo, mas garantíamos que ele não se sentia sozinho.

Mantivemos as rotinas:
Éramos nós que dávamos banho, que mudávamos a fralda, que o alimentávamos (depois de terem retirado a sonda),  que o adormecíamos.

Nunca ficou sozinho, durante os dias de semana fiquei eu com ele dia e noite ( o pai R. estava a trabalhar) , no fim-de-semana durante o dia ficámos os dois, durante a noite dividimos esforços e o pai R. ficou com ele para que eu pudesse descansar, porque não existe lugar especial para a mãe nem para o pai.

Repartimos as vezes de dar o biberão, foi a primeira vez do M. no biberão, a mãe deu a primeira vez e o pai deu as outras.

Fomos aconselhados pela equipa de enfermagem, para na chegada a casa não pensarmos no sucedido e continuarmos a fazer tudo como fazíamos antes sem pensar em medições de oxigénio, nem em pulsações e é isto que tentamos fazer agora.
Durante a primeira noite cada vez que o M. tossia eu ficava com o coração nas mãos, sonhei que o tinha deixado cair (se calhar sinal de que me sentia de alguma forma culpada pelo sucedido!) , mas tenho-me esforçado por desvalorizar estes sentimentos negativos, por acalmar e deixar as coisas entrarem na rotina normal.

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