29 de novembro de 2012

Há um ano atrás

Há um ano atrás coloquei esta imagem no blog, tinha descoberto que tínhamos um problema de infertilidade.
Andávamos a tentar engravidar há imenso tempo.
Primeiro ano nada, mas pensámos que seria normal, depois surgiu uma oportunidade de eu mudar de emprego e estive cerca de 6 meses em suspenso para fazer esta transição , mas não queria engravidar entretanto portanto deixámos de tentar, depois a proposta realmente apareceu e eu mudei de emprego portanto continuámos em suspenso sem tentar, após 8 meses não estava nada satisfeita com o emprego em questão e pensei em recomeçar os treinos.
Nada! Era um desespero todos os meses, os dias que antecediam o período eram uma angústia e depois uma desilusão.
Em abril de 2011 estávamos de férias fora de Portugal e achei que estava grávida, quando regressámos fomos para o Alentejo e tive um atraso de 5 dias, lembro-me de não dormir numa das noites, a pensar que estava mesmo grávida.
Era domingo, quando chegámos a Lisboa, pedi ao R. para passar na farmácia, inventei uma desculpa de que precisava de uns comprimidos e assim foi, fui comprar um teste de gravidez, cheguei a casa e fiz...mas ia fazer só para confirmar porque eu achava mesmo que estava gravida.
O teste deu negativo e eu pensei que se calhar estaria de pouco tempo e o teste não acusava a hormona.
Na segunda feira fui à casa de banho de 10 em 10 minutos e nada, até que de repente ... Tchantchan! Em vez de pensar que era o período , pensei que estava a ter um aborto espontâneo ( tal não era a crença de que estava gravida) liguei para a minha medica e disse-lhe o que se tinha passado, disse-me para aguardar e repetir o teste, mas não foi preciso...
Decidimos colocar uma data , Agosto, como o limite para tentarmos engravidar, a partir da qual marcaríamos uma consulta com a minha medica para nos passar os exames necessários.
Nunca pensamos que nos pode acontecer, estávamos crentes que as coisas se resolveriam por si.
Chegou Agosto, Setembro, Outubro ( os nossos amigos P. e J. casaram e eu sempre pensei que já iria grávida ao casamento deles) e Novembro.
Em Novembro fomos à médica, que nos disse logo que se não tínhamos engravidado até agora, poderia ser que tivéssemos algum problema.
A infertilidade é diagnosticada a um casal que tem relações sexuais sem protecção e ao final de dois anos não consegue engravidar.
Os nossos dois anos já tinham passado, mas tentávamos acreditar que  tínhamos feito pausas, que andávamos a trabalhar muito, que andávamos tão compenetrados em querer engravidar que isso nos estava a bloquear.
Nos jantares de família a famosa questão dos filhos deixava-nos sem palavras, mais do que isso despedaçava-nos por dentro.
Em Julho recebemos a noticia de que a minha prima C. estava grávida, também ela estava a tentar
engravidar do segundo filho há cerca de um ano e ainda não tinha conseguido.
Estava no atelier quando soube a noticia e por mais contente que tenha ficado, assim que desliguei o telefone chorei, toda a gente conseguia menos nós.
A minha médica segue-me desde os meus 15 anos, por coincidência é especialista em infertilidade, passou-nos exames muito iniciais, para mim análises ao sangue, ecografia, para o R. análises ao sangue e espermograma num laboratório especifico ( disse-nos logo que em muitos laboratórios as contagens sao mal feitas e que as pessoas continuam enganadas depois de fazer o exame , disse que só tinha confiança naquele laboratório) .
Disse-me também que ia começar por despistar a infertilidade masculina, que é mais fácil de detectar, através de um espermograma, que é um exame fácil de realizar, contrariamente à infertilidade feminina que requer exames mais invasivos e dolorosos.
Assim foi, fizemos os exames no mesmo laboratório, entregámos tudo às 8h da manha e o resultado estava pronto ao final da tarde.
Estava numa reunião de obra em Santarém, quando me ligaram a dizer que os resultados estavam prontos, eram 15h e qualquer coisa e pensei, vou-me já embora, vou buscar os exames e vou levá-los à Dra.
A viagem foi feita em lágrimas, mas com esperança de que tudo estivesse bem.
Liguei ao R. para lhe perguntar se ele se importava de que eu abrisse os exames sem ele e os levasse para serem analisados, ao que ele respondeu que não.
Entrei no consultório e pedi à recepcionista para entregar os resultados a Dra. e que aguardava que ela me dissesse alguma coisa.
O consultório estava cheio, quando a recepcionista regressou começou a falar com algumas pacientes que lá estavam e deixou-me para o fim, depois disse, a Dra disse para ir ter com ela à maternidade, para uma consulta de infertilidade, os resultados do seu marido não estão muito bons, disse.
Não sei o que senti, sei que não consegui conter as lágrimas e fui-me embora sem conseguir ouvir a conversa até ao fim, pedi desculpa mas disse que tinha que ir embora.
Quando saí,  desabei... liguei à minha mãe que percebeu logo o que se tinha passado.
Depois liguei ao R. mas não consegui contar por telefone, contei-lhe depois ao final do dia.
A questão da infertilidade pode dividir um casal, para nós não foi fácil ao principio, mas depois conseguimos com alguma calma ultrapassar cada uma das fases.
A partir daqui a história está relatada no blog.
Na altura enquanto não tínhamos dito às pessoas que nos são próximas, tornei o blog privado e só mais tarde decidi voltar a colocá-lo público.
De Novembro até à primeira consulta na MAC passámos uns tempos complicados.
Eu li tudo o que havia sobre infertilidade, tratamentos, taxas de sucesso e preços.
Fiquei obcecada com o tema, chorava muito, não foi nada fácil.
Hoje, um ano depois deste post, sou mãe.
Tenho consciência da sorte que tivemos, que fomos abençoados por este pequeno milagre e que a vida se encarregou de nos trazer o nosso M.
Mas sei que nem sempre é assim e as pessoas que lutam e lutam e lutam para poderem ter um filho são muitas ( à minha volta são imensas as que recorreram, recorrem e vão recorrer à procriação medicamente assistida) para todas elas um beijinho de muita força e que tenham muita coragem para ultrapassar este obstáculo tão difícil e doloroso, porque quando conseguirem, tudo vai valer a pena.
T


2 comentários:

  1. Obrigada por partilhares a tua história, ainda mais porque tem um final feliz e pelo menos a mim deixa-me sempre mais optimista!:)
    Parabéns ao pequeno M. pelos seus 15 dias!:)
    Bjs

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  2. Obrigada pela partilha da tua história!Agradeço a força a todas que, como eu, ainda lutam pelo seu positivo!!
    É uma dor muito grande, mas um dia será uma felicidade enorme.

    beijinhos e tudo a correr bem.

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